O processo de criação da Cabaçola, um novo instrumento no nordeste brasileiro

31 03 2009

INTRODUÇÃO


Esse trabalho é a descrição resultante do processo de criação da Cabaçola, um instrumento experimental, para a disciplina de Experiências Sonoras e Criativas, com a professora Adriana Fernandes, no período 2008.2.


PROCESSO


A música está em tudo.

Do mundo sai um hino.

HUGO, Victor


No início do mês de dezembro, foi pedido pela Profª Adriana, para avaliação, a criação de um instrumento sonoro, que emitisse três variados sons e que fosse dotado de criatividade. Em meio a um turbilhão de idéias, imaginei uma gaita de tubos de ensaio com água colorida, mas isso eu já havia feito uma vez, só que com garrafinhas de vidro no lugar dos tubos de ensaio, descartei a gaita no mesmo dia. Em outra aula, questionei a professora se ela já havia visto uma dança africana onde a musicalização é feita através das batidas dos pés com sementes presas no chão, a resposta foi afirmativa, e tambem indicativa para o meu trabalho. Alguns dias se passaram, e em uma conversa com a professora e com uma amiga (Rosa Carlo), me veio a lembrança os pés-chocalhos africanos, e falei para elas, que eu poderia criar uma viola de cabaça e agregar a ela valores dos pés-chocalhos africanos, esse pensamento para mim foi uma diretriz para todo o trabalho, mas a nossa conversa sonora criativa continuou por alguns minutos.

Meu próximo passo seria encontrar uma cabaça, mas onde? Eu sabia que vendia-se cabaça numa loja de artigos de umbanda lá no centro, mas perguntei para Lívio aonde encontraria cabaça, tanto ele quanto meu irmão responderam que na feira, no Mercado Central. Numa peregrinação, fui ao Mercado Central. De barraca em barraca as cabaças eram feias, e pequenas, até que encontrei a que estava procurando, e era do jeito que eu imaginava. No mesmo lugar encontrei uma semente chamada olho de boi, que serviria para os chocalhos, mas o vendedor da feira me disse que não prestava para furar, ainda tentei enrolar com fio encerado, mas não tive êxito, então descartei a idéia do chocalho africano por conta do tempo que tinha para finalizar o instrumento.

Levei uma tarde para cerrar a cabaça e fazer seis furos, três de cada lado, para comportar três cordas. Com o corpo do instrumento lixado e pronto, fui atrás das cordas. Para um instrumento acústico, decidi colocar cordas de guitarra elétrica, com o intuito de fazer oposições, então separei as cordas Mi (009), Sol (016) e Lá (032), da NIG STRINGS Nickel Wound (Indústria Brasileira), são cordas da classe tradicional encapadas com níquel. Na respectiva sequência, firmei as cordas por entre os furos na cabaça, tentando apertá-las ao máximo, foi difícil, mas consegui.

Por fim, com o instrumento totalmente pronto, cai na melhor das etapas da construção, a experimentação. Para tocar a Cabaçola é preciso leveza, nada de músculos tensionados, o músico pode pinçar as cordas ou tocá-las com palheta, e dela sairão sons criativos de acordo com a maneira de tocar.

A Cabaçola é encontrada hoje apenas pelas minhas mãos, porém de fácil acesso a população, podendo mais na frente ser exportada, e assim levar a criatividade e a música experimental do nordeste brasileiro para todo o mundo.


IMAGENS

Bandolin de Cabaça

Bandolin de Cabaça (Surgiu na Itália, mas no Brasil é usado nos grupos de Choro).

Djembe de Cabaça

Djembe de Cabaça (Percussão na África Ocidental).

COLABORAÇÕES


Pessoal:

Professora Adriana Fernandes;

Rosa Carlo;

Lívio Ribeiro;

Emmanuel Macedo;

Júnior do Mercado Central;

Dorivan de Araújo;

Mônica Macedo.

Imagens:

http://www.quebarato.com.br/classificados/violao-viola-cavaco-e-bandolin-de-cabaca__1393982.html/;

http://ateliedd.blogspot.com/;

Acervo Pessoal.


Ações

Information

Uma resposta

25 09 2009
john luiz

A cabaça em abundancia no nordeste amplia a descoberta de novos sons
aqui em recife estou desenvolvendo varias esperiencias com cabaça de miniaturas a tamanho real.

adorei o trabalho

john luiz.

Deixe um comentário